Distúrbios Gastrointestinais

DISTÚRBIOS GASTROINTESTINAIS

Distúrbios e procedimentos

Hérnia Inguinal

Hérnia Inguinal pode ser definida como a protrusão (deslocamento de um órgão da sua posição original) de vísceras ou estruturas anatômicas da cavidade abdominal através de pontos de fraqueza da parede localizados na região inguinal (virilha).

Sintomas

O quadro clínico é de abaulamento na região inguinal, podendo ou não apresentar sinais de dor e piora aos esforços. É reversível quando o paciente deita ou corrige o abaulamento com a mão. Com o tempo, a hérnia pode tornar-se cada vez maior e mais dolorida, caminhando para a irreversibilidade.

Diagnóstico

O diagnóstico é essencialmente clínico e visual.

Complicações

Além do incômodo do abaulamento, existe o risco de ocorrer um aprisionamento da estrutura herniada podendo levar à isquemia – falta de irrigação sanguínea adequada do local provocando necrose desta estrutura.

Tratamento

Diversas técnicas podem ser utilizadas no tratamento das hérnias inguinais, através de um pequeno corte na região da virilha ou através de vídeo-laparoscopia. Na maioria delas, coloca-se uma tela, o que diminui muito os índices de recidiva.

Hérnia do Hiato e refluxo

Hérnia de Hiato é o deslocamento do estômago da sua posição original para o tórax através do orifício no diafragma chamado Hiato Esofágico. Este orifício, Normalmente, permite a passagem do esôfago, do tórax ao abdômen.

Sintomas

Geralmente, causa refluxo do conteúdo gastroduodenal para o esôfago. Em condições normais, este refluxo acontece em pequenas quantidades. Quando o refluxo aumenta, pode acontecer a inflamação da mucosa esofágica, que se apresenta na forma de dor – geralmente em queimação – localizada na parte central do tórax, além da regurgitação de alimentos É importante salientar que o refluxo pode ocorrer na presença ou na ausência da hérnia hiatal. Entretanto, a principal causa da doença de refluxo gastro-esofágico é a hérnia de hiato diafragmático.

Complicações

Se não tratado o refluxo constante pode levar a várias complicações como úlcera, hemorragia, estreitamento do esôfago, pneumonia, bronquite e até mesmo um aumento de risco de câncer de esôfago.

Diagnóstico

O diagnóstico de hérnia hiatal é confirmado através de endoscopia e radiografia de contraste. A presença da lesão no esôfago é diagnosticada por meio de endoscopia e biópsia. Outro exame muito utilizado é o monitoramento do “pH” esofágico para confirmar a presença de refluxo.

Tratamento Clínico

O tratamento clínico é aplicado quando o refluxo é pequeno. O objetivo é reduzi-lo com alteração da dieta, orientação postural, medicamentos anti-ácidos e pró-cinéticos. No caso de refluxo intenso com complicações ou sintomas persistentes ou ainda no insucesso do tratamento clínico, opta-se pela cirurgia.

Tratamento Cirúrgico

A cirurgia consiste em corrigir a hérnia, corrigir as dimensões do hiato esofágico e criar uma válvula que proteja o esôfago do refluxo gástrico. Na maioria dos casos, pode-se realizar a cirurgia por via laparoscópica, com todas as vantagens deste método.

Apendicite Aguda

Apendicite aguda é a inflamação do apêndice cecal, estrutura localizada junto ao início do intestino grosso, no ceco, que fica na região inferior direita do abdômen.

Sintomas

O sintoma mais comum para o apendicite é a dor abdominal, inicialmente na região superior do abdômen e/ ou generalizada, tornando-se localizada em seguida, quase que invariavelmente na região inferior direita. Pode vir acompanhada de náuseas, vômitos, diminuição do apetite e febre. A doença é mais freqüente em jovens, mas pode acometer pacientes de qualquer idade.

Diagnóstico

O diagnóstico é essencialmente clínico. Os exames laboratoriais ou radiológicos podem eventualmente confirmar a apendicite aguda ou ainda excluir outras doenças que podem se apresentar de maneira muito semelhante, como alterações ginecológicas e urinárias.

Tratamento

Atualmente a cirurgia pode ser realizada por via laparoscópica, que permite a visualização de toda a cavidade peritonial, importante principalmente nos casos em que não há certeza absoluta de que se trata de uma apendicite aguda. O processo cirúrgico permite ainda uma excelente limpeza na presença de secreção purulenta, além de proporcionar menos dor no pós-operatório e um rápido retorno às atividades pessoais e profissionais.

Cálculos da Vesícula Biliar

A vesícula biliar é o órgão responsável por concentrar e armazenar a bile, líquido produzido pelo fígado que é liberado no intestino durante a passagem dos alimentos. A bile tem como principal função auxiliar a digestão e absorção das gorduras.

A formação de cálculos (pedras) na vesícula biliar pode ocorrer ocasionalmente. É mais comum em mulheres, obesos, diabéticos e idosos, mas há casos registrados em jovens, não obesos e homens. A vesícula com cálculos perde a capacidade de funcionar normalmente.

Os cálculos na vesícula podem causar levar as seguintes condições:

– Colecistite crônica (inflamação crônica da vesícula), cujos sintomas principais são: episódios de dor abdominal em cólicas, principalmente após a ingestão de alimentos gordurosos.
– Colecistite aguda, que é a inflamação aguda da vesícula, tornando-a aumentada, com as paredes espessadas, impedindo a saída de bile, algumas vezes com pus. Os sintomas são: dor no quadrante superior direito do abdômen, febre, as vezes náusea e vômitos. Esta situação precisa ser tratada com urgência.
– Coledocolitíase e pancreatite aguda: quando um dos cálculos que estão na vesícula saem dela e ocupam a árvore biliar, obstruindo a passagem da bile produzida pelo fígado pode ocorrer icterícia (a pele e mucosas ficam amareladas) e/ou pancreatite. Estas situações também requerem tratamento de urgência.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito através dos sintomas e confirmado com a realização de ultrassonografia abdominal.

Tratamento

Com o diagnóstico confirmado, o tratamento é a colecistectomia (retirada da vesícula biliar). Na maioria dos casos, essa cirurgia pode ser realizada por via laparoscópica, com as vantagens de proporcionar período de internação reduzido, menos dor no pós-operatório e retorno mais rápido às atividades pessoais e profissionais.

Atualmente, ela é feita pelo método Single-Port

Endometriose

Endometriose é uma doença que acomete as mulheres em idade reprodutiva e que consiste na presença de células uterinas em locais fora do útero. É um transtorno ginecológico comum, atingindo entre 10% e 15% das mulheres em idade reprodutiva.

O que ocorre é que estas células continuam a responder ao ciclo hormonal com sangramento mensal. Este sangramento em local inapropriado, sem comunicação com a vagina, causa processo inflamatório, fibrose e dor.

Os locais mais comuns da endometriose são: ovários, peritônio pélvico e a área entre o útero e o reto (septo retovaginal). Sendo menos comum no intestino, bexiga, diafragma, vagina e parede abdominal.

Os sintomas são:

• Dores na região pélvica, cólicas que ocorrem durante o período menstrual (87% dos casos);
• Dor pélvica crônica (55% dos casos);
• Dores durante ou logo após ato sexual (55% dos casos);
• Infertilidade (entre 14% a 40% dos casos);
• Sintomas intestinais cíclicos, como diarreia, sangramentos e dor (cerca de 30% dos casos);
• Problemas urinários diversos, como urinar em excesso, sangramentos e dor (cerca de 31,5% dos casos).

Os principais sintomas da endometriose são portanto dor e infertilidade. As dores podem ocorrer antes ou durante o período menstrual. Ela surge de repente, trazendo transtorno físico, psíquico e social para a paciente.

O tratamento varia conforme a vontade de engravidar, a área afetada, a intensidade dos sintomas, tolerância a medicamentos e a idade da paciente.

Dentre os tratamentos possíveis mais conservadores, voltados para casos menos graves, está a administração por 6 a 12 meses de uma combinação de contraceptivos hormonais orais, somado a antiinflamatórios não hormonais de nova geração no período perimenstrual e determinados exercícios físicos.

Casos moderados e graves frequentemente necessitam de cirurgia para remover as células endométricas. Além dos tratamentos cirúrgicos podem ser associados o uso injeções de hormônios ou anti-hormônios, implantes subcutâneos de bastões de medicações ou DIU impregnados por substâncias inibidoras da menstruação.

Nos casos mais graves pode ser necessário a remoção de partes de órgãos como útero, ovários, tubas ou de porções do intestino. A excisão total de todas as lesões visíveis e palpáveis da doença traz melhora significativa da dor pélvica e da fertilidade.

Oncologia

Esôfago

Grande parte dos pacientes com câncer de esôfago é fumante e tem história de ingestão alcoólica. Desnutrição e problemas respiratórios concomitantes são frequentes, contribuindo, muitas vezes, para a inoperabilidade.

A incidência de adenocarcinoma de esôfago é mais frequente nos cânceres do terço inferior. Pacientes com refluxo gastroesofagiano e esôfago de Barret têm maior risco de desenvolver câncer. O adenocarcinoma da cárdia tende a invadir o esôfago distal e, na maioria das vezes, deve ser abordado como câncer do esôfago.

Estômago

O adenocarcinoma gástrico é o câncer mais frequente do estômago. A maioria se localiza no terço distal, porém, nos últimos anos, tem-se notado um aumento dos cânceres proximais. O linfoma gástrico do tipo MALT (Mucosa Associate Lymphoma Tissue) também tem sido mais comumente descrito.

Pâncreas

A maioria dos cânceres pancreáticos tem origem nos ductos pancreáticos (90%), sendo principalmente adenocarcinomas (80%). Os cistoadenocarcinomas em geral se apresentam como grandes massas e têm um prognóstico melhor em comparação com o do adenocarcinoma. A história natural do câncer pancreático é evoluir com metástases linfonodais na maioria dos casos, além de comprometer o fígado (80% dos casos), o peritônio (60%), os pulmões e pleura (50% a 70%) e a supra-renal (25%).

Cólon e Reto

Os cânceres do cólon e do reto são progressivamente mais prevalentes a partir da segunda década de vida, sendo os mais frequentes cânceres do aparelho digestivo. A grande maioria dos casos é de adenocarcinomas (> 90%) e freqüentemente tem origem em pólipos preexistentes. Mais da metade dos pacientes com câncer intestinal tem pólipos. O câncer colorretal hereditário não-associado a pólipo (HNPCC) ocorre em 10% a 15% dos casos, e a polipose adenomatosa familiar com câncer ocorre em 1% dos casos.

Pacientes com pólipos múltiplos associados a neoplasia têm um risco maior de câncer sincrônico, quando comparados com os portadores de apenas um pólipo, de 7% para 14%. A incidência de câncer metacrônico também é maior nestes casos, passando de 3% para 12%. A transformação de um pólipo em câncer pode necessitar de um período de vários anos. Daí a importância do rastreamento de pólipos, principalmente em indivíduos com risco. Um terço dos pacientes, quando diagnosticados, tem doença localizada, e um terço já possui comprometimento regional. Em um quinto dos pacientes doença metastática já existe.

Ânus

Constitui menos de 2% dos cânceres intestinais. Histologicamente, a grande maioria é do tipo epidermóide. É importante separar os carcinomas que têm origem no canal anal (dois terços dos casos) dos que têm origem na pele (margem anal), pois a maneira de disseminação e o tratamento são diferentes. Os cânceres da margem anal, isto é, que se iniciam na junção da pele com a mucosa do canal anal, são estadiados como cânceres de pele. Os melanomas desta região são também classificados como cutâneos.

Open chat
1
Olá como podemos ajudar?